Esse livro é
uma fábula/paródia da Revolução Russa, ponto. A obra de George Orwell é literalmente
animal, o escritor britânico, que era contrário ao governo de Stalin, redigiu
em 1944 o livro “A Revolução dos Bichos”. Nessa época o mundo era um barril de
pólvora, 2° guerra mundial fervendo, lógico que nenhum editor, inglês, iria
publicar uma sátira política contra Stalin, sendo que este era aliado. Findada
a guerra, em 1945, o mundo conheceu a fantástica obra, o livro foi publicado e
se tornou um sucesso.
A fábula tem
como cenário a “Granja do Solar”, uma fazenda administrada pelo Sr. Jones. Tudo
começa quando o velho porco chamado Major reúne todos os bichos para uma
reunião, isso após o anoitecer no galpão. Cachorros, porcos, galinhas, pombas,
ovelhas, vacas, cavalos, cabras, patos, o burro, enfim todos os animais comparecem.
Major descreve
um sonho que lhe ocorreu, nele ele imaginava o mundo sem os homens, a liberdade
dos animais sem o comportamento tirano dos donos. Os versos proferidos por
Major geram um espírito revolucionário nos animais da granja, que adotam a
canção "Bichos da Inglaterra" como hino.
“Morre um
homem, mas não morre uma ideia”, assim também ocorreu com Major, três dias após
a reunião noturna o porco falece, seus ideais ganham força com os animais da
granja. Antes do imaginado a revolução se instaura, Sr Jones é expulso, e
agora? O idealizador de todos os ideais não está mais presente. A granja passa
a se chamar “Granja dos Bichos”.
É momento de
reorganizar a estrutura, não existe mais a tirania, os animais são donos de si,
liberdade é sugada para dentro dos pulmões junto com o ar.
Neste momento
Orwell nos descreve os traços marcantes dos diferentes animais, manipuladores,
alienados, ignorantes, rígidos, dispersos, teimosos, reservados, observadores,
trabalhadores etc. Como era de se esperar, por ser o animal mais inteligente de
todos, segundo Orwell, os porcos assumem a liderança, todas as decisões são
tomadas em grupos e os demais integrantes cultivam a roça.
Dois porcos se
destacam, são eles: Bola-de-neve e Napoleão, sempre com posicionamentos
contrários. Com pensamentos diferentes, tudo sempre é decidido no debate entre
todos. Bola-de-Neve com o tempo vai conquistando mais força entre os animais,
mas com a ajuda de uma trupe de cães monstruosos Napoleão expulsa Bola-de-neve
da granja e toma para si o cargo de líder.
Mandamentos
haviam sido fixados no início da Granja dos Bichos, os animais com o tempo vão
perdendo a memória, assim como os mandamentos vão sendo alterados, mas
constantemente os animais são persuadidos de que eles continuam inertes. A
alteração dos mandamentos vai de acordo com o que define Napoleão, a posição
acima é sempre ocupada pelos porcos, os animais já não são iguais, a liberdade
já não é tão notável como no início.
O enredo do
livro é fantástico, mas não vou passar muito por ele para não tirar a magia do
mesmo.
Já no final os
porcos, animais que se auto-proclamaram superiores, estão andando sobre duas
patas, bebendo, jogando, exercendo vários comportamentos adquiridos e que não
deveriam estar ocorrendo segundo a moral da granja.
Lênin e seus sucessores, Stálin acima e Trotsky abaixo |
A revolução
russa (Revolução Bolchevique) neste livro é parodiada da seguinte forma. Major
é Lênin, Napoleão é Stalin, Bola-de-neve é Trotsky, as ovelhas (integrantes do
Exército Vermelho) seguem e repetem os lemas, sem nenhuma análise, os cavalos usam
da força para fazer o que julgam, de cima de toda sua burrice, o melhor, as
galinhas são dispersas, seguem o que é dito, os cães guardam o dono e
demonstram lealdade até a morte, todos os personagens do livro carregam consigo
um histórico que os liga a tsunami vermelha que invadiu a Rússia.
Todos os
animais aderiram ao animalismo (Socialismo), idéia do Major (Lênin), mas ele
morre, os comandos seguem com Bola-de-Neve (Trotsky) e Napoleão (Stálin), assim
como ocorreu no livro, ocorreu na Rússia, as idéias eram divergentes, mas mesmo
assim a visão de um mundo lindo e melhor segue existindo, nunca mais os
integrantes serão explorados pelos donos (patrões).
Mas lá pelas
tantas, sem ninguém esperar Napoleão (Stálin) começa a tocar o terror, elimina
e reprime os divergentes de sua filosofia Napoleônica (Stalinista)
(Bola-de-Neve e outros animais que confessam crimes e tramas).
Ninguém
consegue acreditar, mas a inteligência dos porcos é tanta que eles persuadem
todos, apenas no fim a verdade surge na frente dos olhos dos animais. Quero
encerrar a conclusão deste texto com a frase final do livro: "as criaturas
olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para
um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era
porco".
Nessa minha
leitura entendi que Orwell jogou pesado em cima do Socialismo, mas atualmente
vejo que a obra também serve para nos dizer que somos, em qualquer governo,
dominados por porcos, eles redigem as leis, controlam nossa rotina, dominam
nossa riqueza, suprimem direitos, adicionam deveres e ainda assim nos convencem
(?) de que está tudo perfeito.
Alguns de nós
decidimos adotar a postura do burro na história. Desde o início sabiam que o
igualitarismo iria se degenerar.
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