4 de junho de 2012

A Revolução dos Bichos, de George Orwell, e a Revolução Russa


Esse livro é uma fábula/paródia da Revolução Russa, ponto. A obra de George Orwell é literalmente animal, o escritor britânico, que era contrário ao governo de Stalin, redigiu em 1944 o livro “A Revolução dos Bichos”. Nessa época o mundo era um barril de pólvora, 2° guerra mundial fervendo, lógico que nenhum editor, inglês, iria publicar uma sátira política contra Stalin, sendo que este era aliado. Findada a guerra, em 1945, o mundo conheceu a fantástica obra, o livro foi publicado e se tornou um sucesso.
A fábula tem como cenário a “Granja do Solar”, uma fazenda administrada pelo Sr. Jones. Tudo começa quando o velho porco chamado Major reúne todos os bichos para uma reunião, isso após o anoitecer no galpão. Cachorros, porcos, galinhas, pombas, ovelhas, vacas, cavalos, cabras, patos, o burro, enfim todos os animais comparecem.
Major descreve um sonho que lhe ocorreu, nele ele imaginava o mundo sem os homens, a liberdade dos animais sem o comportamento tirano dos donos. Os versos proferidos por Major geram um espírito revolucionário nos animais da granja, que adotam a canção "Bichos da Inglaterra" como hino.
“Morre um homem, mas não morre uma ideia”, assim também ocorreu com Major, três dias após a reunião noturna o porco falece, seus ideais ganham força com os animais da granja. Antes do imaginado a revolução se instaura, Sr Jones é expulso, e agora? O idealizador de todos os ideais não está mais presente. A granja passa a se chamar “Granja dos Bichos”.
É momento de reorganizar a estrutura, não existe mais a tirania, os animais são donos de si, liberdade é sugada para dentro dos pulmões junto com o ar.
Neste momento Orwell nos descreve os traços marcantes dos diferentes animais, manipuladores, alienados, ignorantes, rígidos, dispersos, teimosos, reservados, observadores, trabalhadores etc. Como era de se esperar, por ser o animal mais inteligente de todos, segundo Orwell, os porcos assumem a liderança, todas as decisões são tomadas em grupos e os demais integrantes cultivam a roça.
Dois porcos se destacam, são eles: Bola-de-neve e Napoleão, sempre com posicionamentos contrários. Com pensamentos diferentes, tudo sempre é decidido no debate entre todos. Bola-de-Neve com o tempo vai conquistando mais força entre os animais, mas com a ajuda de uma trupe de cães monstruosos Napoleão expulsa Bola-de-neve da granja e toma para si o cargo de líder.
Mandamentos haviam sido fixados no início da Granja dos Bichos, os animais com o tempo vão perdendo a memória, assim como os mandamentos vão sendo alterados, mas constantemente os animais são persuadidos de que eles continuam inertes. A alteração dos mandamentos vai de acordo com o que define Napoleão, a posição acima é sempre ocupada pelos porcos, os animais já não são iguais, a liberdade já não é tão notável como no início.
O enredo do livro é fantástico, mas não vou passar muito por ele para não tirar a magia do mesmo.
Já no final os porcos, animais que se auto-proclamaram superiores, estão andando sobre duas patas, bebendo, jogando, exercendo vários comportamentos adquiridos e que não deveriam estar ocorrendo segundo a moral da granja.

Lênin e seus sucessores, Stálin acima e Trotsky abaixo

A revolução russa (Revolução Bolchevique) neste livro é parodiada da seguinte forma. Major é Lênin, Napoleão é Stalin, Bola-de-neve é Trotsky, as ovelhas (integrantes do Exército Vermelho) seguem e repetem os lemas, sem nenhuma análise, os cavalos usam da força para fazer o que julgam, de cima de toda sua burrice, o melhor, as galinhas são dispersas, seguem o que é dito, os cães guardam o dono e demonstram lealdade até a morte, todos os personagens do livro carregam consigo um histórico que os liga a tsunami vermelha que invadiu a Rússia.
Todos os animais aderiram ao animalismo (Socialismo), idéia do Major (Lênin), mas ele morre, os comandos seguem com Bola-de-Neve (Trotsky) e Napoleão (Stálin), assim como ocorreu no livro, ocorreu na Rússia, as idéias eram divergentes, mas mesmo assim a visão de um mundo lindo e melhor segue existindo, nunca mais os integrantes serão explorados pelos donos (patrões).
Mas lá pelas tantas, sem ninguém esperar Napoleão (Stálin) começa a tocar o terror, elimina e reprime os divergentes de sua filosofia Napoleônica (Stalinista) (Bola-de-Neve e outros animais que confessam crimes e tramas).
Ninguém consegue acreditar, mas a inteligência dos porcos é tanta que eles persuadem todos, apenas no fim a verdade surge na frente dos olhos dos animais. Quero encerrar a conclusão deste texto com a frase final do livro: "as criaturas olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco".
Nessa minha leitura entendi que Orwell jogou pesado em cima do Socialismo, mas atualmente vejo que a obra também serve para nos dizer que somos, em qualquer governo, dominados por porcos, eles redigem as leis, controlam nossa rotina, dominam nossa riqueza, suprimem direitos, adicionam deveres e ainda assim nos convencem (?) de que está tudo perfeito.
Alguns de nós decidimos adotar a postura do burro na história. Desde o início sabiam que o igualitarismo iria se degenerar.

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