21 de junho de 2012

Especial - Christopher Nolan


O dia 30 de Julho de 1970 seria um dia comum, em Londres as pessoas bebiam chá, no Brasil rolava uma caipirinha marota e na China nasciam 81348 pessoas. Eu digo seria um dia normal, mas não foi, essa data marca a vinda ao mundo de um dos gênios do novo cinema, Christopher Nolan.
Pouca gente sabe, mas eu entrei em contato com a genialidade de Nolan só em 2011, com o filme A Origem. Eu sempre fui meio desligado, agora ando mais antenado (Antenado: pode ser considerado um caso de neologismo, foi o que a correção automática do Word me disse), o contato ocorreu depois de eu entrar em parafuso e querer saber por que diabos as pessoas ficavam finalizando expressões com “INCEPTIONNNNNNNN”.
Uma das características marcantes de Nolan é a facilidade com que ele embaralha a mente do espectador com cenas de realidade, imaginação, presente, futuro, aqui e lá. Mas essa característica só é entendida como talento, pois as cenas sempre possuem o encaixe milimétrico.
Alguns dizem que dor de cabeça boa é a de técnico de time de futebol quando tem vários craques e não tem vaga para todos, mas eu discordo: A única dor de cabeça boa é a que ocorre no cidadão que ele acaba de assistir qualquer filmes do Nolan.
Esse novo gênio de quem estamos falando já dirigiu 7 filmes, foram eles: Following, Amnésia, Insônia, Batman Begins, O Grande Truque, Batman – O Cavaleiro das Trevas, A Origem e está para estrear, nos próximos dias, o tão aguardado Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge.
Confira abaixo os comentários, sobre cada filme, nada especializados deste que vos fala. Não vou fazer crítica do filme porque seria necessário um espaço enorme para caber o texto, deste eu disponho, mas duvido que vocês fossem ler.

Following
Foi o último filme que eu assisti dele, ironia do destino, foi o primeiro longa que Nolan realizou, no longínquo ano de 1998. Assim o cara segue as pessoas, vai seguindo, depois você vê que na verdade ele é seguido e aí você não entende mais nada, mas tudo se completa e aí se aproxima do fim e você fica com uma boca aberta e com o estômago ainda digerindo.


Memento (Amnésia)
O ano de 2000 eu vivi com medo de que o mundo fosse acabar, inconscientemente eu sentia medo de ver a, até então, curta carreira do Nolan acabar. Mas o mundo não acabou e foi agraciado com a chance de assistir o fantástico (eu ia escrever F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O, mas fiquei com medo de soar muito amo/sou fã louco) e excepcional Amnésia. Não tenho como comentar sobre esse filme, me esqueci como é (risos). Para mim é um dos melhores dele, junto com os outros seis. Não vou falar do filme porque, excepcionalmente nesse caso, perde a magia.


Insomnia (Insônia)
Ao meu ver esse é o mais fraco dos filmes do Nolan, mas mesmo assim é um bom filme, depois dos dois primeiros filmes, esse, que foi lançado em 2002, decepcionou uma galera. O elenco do filme é bom, tem o Al Pacino, fim de papo né. A história do filme é interessante, mas sei lá, não rolou. A tensão de um assassinato permeia durante toda trama e no final as fichas caem.

Batman Begins
A primeira adaptação do Diretor sobre o Homem-morcego, que foi lançada em 2005, é simplesmente muito, mas muito, mas muito fodástica (aqui o Word não disse que era um caso de neologismo, disse que a palavra não existia, fuck the police, pra mim ela existe).

The Prestige (O Grande Truque)
Se você acha que aqui o Nolan desvendou o truque que ele usa para confundir a cabeça dos espectadores você está muito enganado. Nesse filme de 2006 ele ata um nó, mas um nó que minha nossa. No final você fica assim: gente essa peça encaixa aqui, essa ali, essa outra lá e minha nossa ele montou uma obra de arte fantástica.

Batman - The Dark Knight (Batman – O Cavaleiro das Trevas)
Em 2008 esse filme foi um estouro, se eu disse que o primeiro filme foi fodástico, imagina o que eu penso a respeito desse, fodadadástico (ok Word, essa palavra sim não existe). Indicado a oito estatuetas no Oscar e se tornando a quinta maior bilheteria da história do cinema eu só poderia classificar esse filme com um emoticon de coração e de dois pontos três.

Inception (A Origem)
Repetindo, ou até conquistando maior sucesso com o público e crítica, com 8 indicações ao Oscar, em 2010 Nolan mostrou ao mundo com quantos níveis de sonhos se faz A Origem. Já assisti três vezes e vou assistir mais uma agora, depois acabo esse texto pra vocês, relaxa pessoal, estava zoando, vou acabar o texto primeiro.


Calma, não acabou não. Pra quem ficou com vontade de conhecer a obra do Nolan, pode pirar e fritar assistindo esse curta, que precedeu todos os filmes, ele foi gravado durante as filmagens de Following:

16 de junho de 2012

Cuca Fundida fundiu minha cuca

A experiência de ler esse livro pode ser comparada ao que eu senti duas semanas depois de assistir memento, do Christopher Nolan, eu assisti o filme e não me lembrava que o havia assistido, experiência semelhante a que o filme aborda.
Li Cuca Fundida, do Woody Allen e fundi minha cuca. É uma viagem esse livro, o gostinho de humor te faz ler e querer mais. Os textos são umas loucuras, vários formatos diferentes, personagens impossíveis e casos impossíveis.
Capa do livro Cuca Fundida, Woody Allen escrevendo magnificamente
Você sabe que a obra é uma loucura e fica meio zonzo. Sabe aquele momentos pós-livro que você fica viajando, lembrando e alucinando, enfim pensando no livro? Esse é o melhor momento porque foi nele que eu notei, fundi minha cuca.
Os textos são tão dois pontos três (:3) que é impossível não amar, se você for na onda vai acabar como eu e o Woody, com a Cuca Fundida.

8 de junho de 2012

A gente faz tudo pelo bukowski


Foi na minha volta para casa, depois de quatro dias massacrantes do vestibular UFRGS 2012, eu não havia conferido o gabarito ainda, já estava disponível. Mas eu não queria antecipar minha decepção. Sabia que tinha ficado nas médias, assim como um monte de gente, média não basta pra você entrar na UFRGS.
Então decidi que iria passar em algum desses pontos, vulgo pequenas livrarias, de rodoviária. Cheguei, comprei a passagem, esperava voltar de malas prontas em alguns meses, mas isso não ocorreu. Faltavam uns 45 minutos para o ônibus partir, entrei na livraria próxima ao ponto de desembarque para matar o tempo.
Olhei, olhei de novo, meu foco era Bukowski, mas para minha infeliz surpresa só havia uma obra dele, era cartas na rua, vamos com essa então né. Andei daqui pra lá nos 5 m² do estabelecimento, saquei uma revista alfa do mês anterior e levei essa também.
Passei no caixa, peguei o troco em balas, faltavam 7 minutos. Fiz o percurso até a plataforma de embarque, mas na metade do caminho eu vi outra livraria. Minha caipirice não se lembrava desse fato. 6 minutos. Entrei, não vai dar tempo, era o que eu pensava.
Imagino que tenham pensado que eu era um saqueador, entrei meio louco, aquilo parecia um ninho de livros do bukowski, girei duas vezes a estante, peguei 3 livros do buk, agora já estou íntimo e um do niet. 3 minutos. Fim de papo, passei no caixa, já tenho bala, quero moedas, moedas. 1 minuto e meio. Correr.

Para provar que eu não estou mentindo

Cheguei a tempo, a sorte é que um monte de gente estava voltando do vestibular e as malas ainda estavam sendo inseridas no bagageiro. Entrei, poltrona 19, com a mochila alguns gramas mais pesada e com a consciência mais leve.

6 de junho de 2012

O dia em que eu tentei ler Niet


Nietzsche e sua autobiografia

Já estou começando e demonstrando minha gigantesca intimidade com o Niet, mas na realidade eu só li uma obra dele. Pode até contar como uma dupla leitura, por que é um livro dele e sobre ele, foi o Ecce Homo, a tal biografia de Nietzsche que só poderia ser escrita por ele.
Se eu contar quantas vezes eu voltei pra ler a mesma página eu devo ter lido a obra umas cinco vezes, a probabilidade de você não entender os parágrafos é enorme, pelo menos ocorreu comigo, mas rebobinando as páginas dá pra entender um percentual considerável.
O assunto Nietzsche sempre me encantou, não sei se foi devido ao bigode ou a minha professora de filosofia do Ensino Médio, muito linda, mas o cara me despertou uma enorme vontade de conferir a obra dele. Quando eu fiquei sabendo que ele possuía uma obra chamada “O Anticristo”, aí sim que eu pirei de vez, mas até hoje não consegui ler a tal obra.
Ecce Homo (Eis o homem) foi escrito na fase derradeira de Niet, beirando sua chegada na insanidade. Confesso que fiquei muito confuso com o livro, frustrando assim as expectativas do mesmo, que ao redigir sua biografia sonhava em não ser mal interpretado ou confundido.
Imagino que meu campo de conhecimento ainda é pequeno, diante dos inúmeros autores e nomes que ele cita no decorrer das páginas. Ele elogia muito a sua obra máxima “Assim Falou Zaratustra”, que eu ainda não li e insisto em pronunciar “Zaratrusta”.
Talvez o dia em que eu conseguir pronunciar corretamente o Zaratustra eu entenda o Niet, mas por enquanto vou gostando dele e do povo alemão também.

4 de junho de 2012

A Revolução dos Bichos, de George Orwell, e a Revolução Russa


Esse livro é uma fábula/paródia da Revolução Russa, ponto. A obra de George Orwell é literalmente animal, o escritor britânico, que era contrário ao governo de Stalin, redigiu em 1944 o livro “A Revolução dos Bichos”. Nessa época o mundo era um barril de pólvora, 2° guerra mundial fervendo, lógico que nenhum editor, inglês, iria publicar uma sátira política contra Stalin, sendo que este era aliado. Findada a guerra, em 1945, o mundo conheceu a fantástica obra, o livro foi publicado e se tornou um sucesso.
A fábula tem como cenário a “Granja do Solar”, uma fazenda administrada pelo Sr. Jones. Tudo começa quando o velho porco chamado Major reúne todos os bichos para uma reunião, isso após o anoitecer no galpão. Cachorros, porcos, galinhas, pombas, ovelhas, vacas, cavalos, cabras, patos, o burro, enfim todos os animais comparecem.
Major descreve um sonho que lhe ocorreu, nele ele imaginava o mundo sem os homens, a liberdade dos animais sem o comportamento tirano dos donos. Os versos proferidos por Major geram um espírito revolucionário nos animais da granja, que adotam a canção "Bichos da Inglaterra" como hino.
“Morre um homem, mas não morre uma ideia”, assim também ocorreu com Major, três dias após a reunião noturna o porco falece, seus ideais ganham força com os animais da granja. Antes do imaginado a revolução se instaura, Sr Jones é expulso, e agora? O idealizador de todos os ideais não está mais presente. A granja passa a se chamar “Granja dos Bichos”.
É momento de reorganizar a estrutura, não existe mais a tirania, os animais são donos de si, liberdade é sugada para dentro dos pulmões junto com o ar.
Neste momento Orwell nos descreve os traços marcantes dos diferentes animais, manipuladores, alienados, ignorantes, rígidos, dispersos, teimosos, reservados, observadores, trabalhadores etc. Como era de se esperar, por ser o animal mais inteligente de todos, segundo Orwell, os porcos assumem a liderança, todas as decisões são tomadas em grupos e os demais integrantes cultivam a roça.
Dois porcos se destacam, são eles: Bola-de-neve e Napoleão, sempre com posicionamentos contrários. Com pensamentos diferentes, tudo sempre é decidido no debate entre todos. Bola-de-Neve com o tempo vai conquistando mais força entre os animais, mas com a ajuda de uma trupe de cães monstruosos Napoleão expulsa Bola-de-neve da granja e toma para si o cargo de líder.
Mandamentos haviam sido fixados no início da Granja dos Bichos, os animais com o tempo vão perdendo a memória, assim como os mandamentos vão sendo alterados, mas constantemente os animais são persuadidos de que eles continuam inertes. A alteração dos mandamentos vai de acordo com o que define Napoleão, a posição acima é sempre ocupada pelos porcos, os animais já não são iguais, a liberdade já não é tão notável como no início.
O enredo do livro é fantástico, mas não vou passar muito por ele para não tirar a magia do mesmo.
Já no final os porcos, animais que se auto-proclamaram superiores, estão andando sobre duas patas, bebendo, jogando, exercendo vários comportamentos adquiridos e que não deveriam estar ocorrendo segundo a moral da granja.

Lênin e seus sucessores, Stálin acima e Trotsky abaixo

A revolução russa (Revolução Bolchevique) neste livro é parodiada da seguinte forma. Major é Lênin, Napoleão é Stalin, Bola-de-neve é Trotsky, as ovelhas (integrantes do Exército Vermelho) seguem e repetem os lemas, sem nenhuma análise, os cavalos usam da força para fazer o que julgam, de cima de toda sua burrice, o melhor, as galinhas são dispersas, seguem o que é dito, os cães guardam o dono e demonstram lealdade até a morte, todos os personagens do livro carregam consigo um histórico que os liga a tsunami vermelha que invadiu a Rússia.
Todos os animais aderiram ao animalismo (Socialismo), idéia do Major (Lênin), mas ele morre, os comandos seguem com Bola-de-Neve (Trotsky) e Napoleão (Stálin), assim como ocorreu no livro, ocorreu na Rússia, as idéias eram divergentes, mas mesmo assim a visão de um mundo lindo e melhor segue existindo, nunca mais os integrantes serão explorados pelos donos (patrões).
Mas lá pelas tantas, sem ninguém esperar Napoleão (Stálin) começa a tocar o terror, elimina e reprime os divergentes de sua filosofia Napoleônica (Stalinista) (Bola-de-Neve e outros animais que confessam crimes e tramas).
Ninguém consegue acreditar, mas a inteligência dos porcos é tanta que eles persuadem todos, apenas no fim a verdade surge na frente dos olhos dos animais. Quero encerrar a conclusão deste texto com a frase final do livro: "as criaturas olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco".
Nessa minha leitura entendi que Orwell jogou pesado em cima do Socialismo, mas atualmente vejo que a obra também serve para nos dizer que somos, em qualquer governo, dominados por porcos, eles redigem as leis, controlam nossa rotina, dominam nossa riqueza, suprimem direitos, adicionam deveres e ainda assim nos convencem (?) de que está tudo perfeito.
Alguns de nós decidimos adotar a postura do burro na história. Desde o início sabiam que o igualitarismo iria se degenerar.